Peça encenada por reeducandos da Penitenciária Silvio Porto é transmitida ao vivo em canal do CNJ
A peça teatral "Pena Justa: o Encontro da ADPF 347", encenada por reeducandos da Penitenciária Desembargador Silvio Porto, em João Pessoa (PB), foi apresentada e transmitida ao vivo pelo canal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no YouTube, na tarde desta terça-feira (18). A iniciativa integrou a programação da 6ª edição da Jornada da Leitura no Cárcere – evento virtual do CNJ que se encerra nesta quarta-feira (19).
Diretamente da unidade prisional, o grupo Movemente levou a todo o país um espetáculo que aborda o papel conjunto do Judiciário, Executivo, Ministério Público, Defensoria, agentes penitenciários e sociedade civil no processo de ressocialização.
A coordenadora do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) do TJPB, juíza Aparecida Gadelha, enfatizou a importância da participação ativa das pessoas privadas de liberdade na implementação efetiva do Plano Pena Justa e na transformação do sistema prisional.
“Há um conjunto de ações e providências em curso e precisamos do compromisso de todos os poderes constituídos, órgãos, instituições, sociedade civil e, também, das pessoas privadas de liberdade para tirarmos o sistema carcerário do estado inconstitucional de coisas em que ele se encontra”, afirmou a magistrada.
Ao elenco, Aparecida reforçou: “Cada vez que vejo a peça, vocês me encantam mais. Cada palavra tem um peso gigantesco pela verdade que contém. Tenho certeza que vamos conseguir mudar tudo”.
A juíza da Vara de Execução Penal (VEP) da Capital, Andrea Arcoverde, explicou que o trabalho busca promover valores como responsabilidade, união e solidariedade, oferecendo, ainda, o benefício da remição da pena.
“Este é um momento muito importante para a VEP: a transmissão da peça para todo o país, levando as diretrizes do Pena Justa. Trata-se de um projeto muito importante para a ressocialização dessas pessoas”, ressaltou.
Já a idealizadora do projeto Movemente, professora Germana Dália, falou da gratificação ao ver o crescimento do projeto, a partir do protagonismo de pessoas que antes eram invisibilizadas.
“Antes, só tinha participação do público LGBT, mas o trabalho foi crescendo e os homens foram aderindo. Vê-las e vê-los brilhando desta forma, se interessando, perguntando quando haverá outra peça, tudo isso é motivo de orgulho. São minhas meninas e meus meninos e estão de parabéns”, destacou.
A importância da ressocialização por meio da arte foi atestada pela reeducanda Melissa Kelly Santana Guedes. A transsexual que cumpre pena na penitenciária Silvio Porto expressou sua alegria por fazer parte do elenco e, ao final, agradeceu, emocionada.
“Fazemos tudo com muito amor e carinho. A gente agradece pelas presenças, por cada um que acredita no nosso potencial e na nossa mudança. Isso é muito gratificante”, declarou.
O texto e o roteiro da peça foram assinados pela assistente técnica do Programa Fazendo Justiça do CNJ, área penal, Thabada Louise Almeida, e pela professora Germana Dália, que também participa do espetáculo. A iniciativa busca fomentar a produção e o acesso à cultura dentro do sistema prisional.
Por Gabriela Parente




